Logo que escurece… hora de dormir, pois não há luz. O técnico de enfermagem liga um radinho, mas nem precisava. Os índios cantam, cantam, cantam… é bem bonito, mas tem a desvantagem de não ter botão para desligar.
E não desligam. Até bem tarde ouço cantos sem entender o significado. Saio da barraca e espio por uma fresta. Não vejo muita coisa, não há uma festa, mas grupos de pessoas cantando. Vencido pelo cansaço acabo voltando ao sono. Esta noite para piorar fez frio, talvez a noite mais fria que passei no Norte, usei até uma colcha. Ao acordar uma neblina envolve a aldeia e pouco a pouco os índios saem para pegar água no Riozinho, que passa bem ao lado das malocas. As crianças, como sempre peladas, de cueca ou calcinha, encolhidas de frio, mas sempre brincando.