Nossa ignorância por vezes é cruel com os indígenas que devemos socorrer. Recentemente, para nossa alegria, um pequeno curumim teve alta da UTI. Como já contei, até estarem grandes as crianças dos grupos Yanomami não tem nomes, assim são registrados no hospital como Filho de… ou Filha de… Assim, lá fomos nós chamar a Cecília que estava na CASAI (Casa do Índio), esperando a melhora do seu filho. A Casai enviou a mãe e, para nossa surpresa ela não queria amamentar o pequeno. Achamos que era devido a longa permanência na UTI, mas a mãe se recusava. Após muito gestual para cá, falas não compreensíveis de ambos os lados e mais gestuais para lá, entendemos apenas ela dizer Casai, Casai, Curumim Casai. A criança ainda estava debilitada, então não poderíamos mandá-la ainda de volta para a Casai, como a mãe parecia nos solicitar. No meio deste trabalho de convencimento, nada da mãe querer amamentar. Já um pouco impacientes, alguns profissionais brigavam, resmungavam e todos concordavam que era uma lástima o comportamento da mãe, que nas poucas vezes que concordou em colocar a criança ao seio, já sob muita pressão, ela imediatamente lavava a mama e fazia cara de nojo. Por todo domingo isto aconteceu e a equipe contava os minutos para e chegada da tradutora da coordenação indígena na segunda-feira, para tentar convencer a mãe a mudar este comportamento.
Finalmente chega a segunda-feira e com ela a Geralda, que nos seus mais de 20 anos de convívio com os Yanomami já ganhou até oferta para ser trocada por trabalho para ficar como esposa de um tuchaua (cacique). Ela começa a falar com a mãe e… Aquela não era Cecília. Era Ceciça. Seu filho estava na Casai, certamente sentindo falta da mãe por todo domingo, enquanto Cecília continuava na Casai, com certeza ainda preocupada com seu filho na UTI…
Sem comentários…
A gente até que tenta amenizar…
Uma doutora da alegria tenta distrair a pequena indiazinha.
Simplesmente impressionante este fato…
Admirável o seu trabalho!
Elga me mostrou seu blog ontem no pub (trabalho com ela) e eu tô impressionada, lendo tudo. Qualquer dia subo praí com ela! Parabéns!