Amigos,
Pela segunda vez a Revista Brasileiros – ver link ao lado – publica uma carta minha a respeito de um texto sobre saúde indígena. Compartilho com os amigos. Visitem a revista no site e comprem nas bancas, pois o conteúdo é de primeira qualidade, para mim a melhor revista nacional.
Brasileiros, como sempre, acertou. Fernando Granato está de parabéns pelo excelente texto Sobraram 300 (dezembro 2009 – ed. 29). Quem trabalha com populações indígenas sabe bem o que é a devastação que o contato com o “homem branco” é capaz de fazer – e ainda faz. Lévi-Strauss, Darcy Ribeiro, Nunes Pereira e o próprio Rondon, entre outros, foram testemunhas não apenas da pujança dos povos indígenas, mas também da decadência após o contato com a nossa “des-civilização”. Hoje, o álcool, as drogas e “qualquer dez reais” fazem o papel dos espelhos, facas e apitos de Cabral e seus seguidores. O pensamento indígena é, geralmente, imediatista, visa a resolver suas necessidades prementes: local para dormir, um prato de comida, sexo fácil e está tudo aparentemente bem. Um indígena que tem uma pick-up moderna pode usá-la à noite para guardar suas galinhas do ataque de uma raposa, sem considerar isso algo anormal. O que importa é o imediato. Qual o caminho dos Nambiquara? E dos Yanomami, Bororó, Pataxó, Kanamary? Difícil prever. É comum ouvirmos dizer que “índio que usa jeans e quer celular não é mais índio”. Por fora, podem estar mais parecidos com os não índios, mas, por dentro, a forma de pensar é distinta. Não é melhor nem pior; é diferente. E, por isso, sua forma de pensar deve ser preservada e valorizada. As populações indígenas não devem ser vistas como simples tutelados ou fantoches, mas como sociedades em constante transformação (como a nossa), que precisam ter seu tempo para as mudanças. O tempo que for necessário. Mas que façam isso livres da influência negativa de nossos hábitos e dos que pensam que “índio não é mais índio”. Que em 2010 possamos ter um ano com mais respeito às diferenças, com um olhar mais aberto e bem mais amplo, e que o cacique Jair possa não apenas perseverar em sua luta pessoal, mas que também possa fortalecer sua comunidade na conquista de um tempo melhor para seu povo.
Altamiro Vilhena
Alta, muito legal, parabéns! Não conhecia essa revista. Os últimos posts estão incríveis, vou linkar no blog. Beijos,
Oi DR. agora que vi que já tinha lido este texto quando entrei auqi pela primeira vez, só não sabia quem era o 300 pois o texto cita outras etnias. De qualquer forma obrigada! Tô indo pra viagem daquie a pouco. Bjs!