O lavrado é a porção cerrado de Roraima, ao norte do estado que concentra a floresta amazônica apenas no sul. Como o sertão, o lavrado não é apenas um, mas vários. Nas áreas mais baixas o cenário é de desolação e seca. Onde na época da chuva existem lagos cheios de vida agora há pouco mais que charcos onde o gado tenta conseguir um pouco de água disputando espaço com garças e tuiuiús, que aqui é conhecido como “passarão”. Cipós-chumbo envolvem as poucas árvores em um abraço mortal sugando até a última seiva da planta, que logo se torna pouco mais do que esqueleto, tão seco quanto o solo ao redor.
Nas áreas mais altas, ao redor das serras de onde descem os rios há uma quase-mata onde a vida surge vitoriosa e onde o carro assusta uma cutia ligeira e uma raposa de rabo enrolado. Sem folhagens densas as aves são vistas com facilidade e logo conseguimos fotografar passarinhos vermelhos, amarelos, laranja-cenoura, verdes, castanhos, gaviões de diversos tipos e majestosos urubus-rei – uma árvore cheia deles.