Como eu disse, futebol mobiliza multidões. Entre os indígenas isto não é diferente. Tarde de sábado. Ainda sob o sol quente começam a chegar os guerreiros de Santa Liberdade. Pedalaram duas horas sob o inclemente calor equatorial para a revanche contra o time local de Santa Maria, onde estou atendendo.
As consultas são interrompidas. Toda população, cerca de 80 pessoas se espalham a beira do campo. A torcida feminina é grande e acompanha cada lance:
– Vai Ruthson! Pega ele Dionelson! – gritam com voz aguda! – Corre Buchudo!
O animado tuchaua Antonio Carlos, de óculos escuros acompanha a partida:
– O pessoal hoje está devagar! Vamos correr!
Piiiiii! Apita o juiz, pois o jogo é sério. Não é a toa que o pessoal veio de longe e que as mulheres prepararam baldes generosos de pajuaru, o forte caxiri de beiju.
Dois a dois, metade do segundo tempo. Bola pro mato que o jogo é de campeonato. Mas bola no mato rasga, e sem uma bola reserva a partida é encerrada antes da hora. O empate deixa os visitantes felizes e os anfitriões desconsolados. Agora futebol só depois que alguém viajar para a cidade e comprar uma bola nova.
A solução para animar é tomar caxiri. A festa vai começar.
Ei que legal!!! afinal somos brasileiros e aquele que se presa tem que ter a habilidades com o pé!