E mesmo longe até aqui a globalização chega. O Agente de Saúde vem trabalhar com a blusa do time italiano Milan. Futebol é mania mundial mesmo. Ontem o Brasil bateu a Argentina por dois a zero e a comemoração das pouco mais de 60 pessoas ao redor das 20 polegadas da única televisão da aldeia conseguiu ultrapassar até mesmo a zoada do motor de energia.
Mas antes que você diga que “já não fazem mais indígenas como antigamente”, lembre que a nossa cultura é viva e que as incorporações não apenas fazem parte como também são importantes, afinal, há pouco mais de vinte anos atrás nenhum de nós usava nem a internet, nem os celulares… simpáticas incorporações vindas de outros países. Aqui a cultura é preservada na língua materna, ensinada até na escola, nos hábitos alimentares, que encontram no caxiri e na damurida alimentos do dia-a-dia e até mesmo nas doenças. Este ano duas crianças morreram. Na declaração de óbito preenchida pelo agente de saúde estava lá: “canaimé” em uma e “bicho-da-água” no outro. Este último por um problema do pai que não seguiu as prescrições necessárias e que foi apertar tambor de água. Não pode, deixou brabo o dono da água.
Ossinho de jabuti é proteção garantida.
Este post faz parte das Impressões Integrais 73
Super legal esta mistura da tradição com a modernidade, não tem como deixar para trás tudo que somos! bjus!