São sete e meia, Genésio, adventista, ora e agradece a Deus pela comida de cada dia. Daniel, dentista carioca, capitão reformado é o primeiro a se aventurar, digo, provar, mergulhando um pedaço da tapioca no caldo.
– Até que não arde tanto. – Exclama aliviado.
Genésio dá a dica.
– Molha da gordura do caldo. É lá que fica o ardor.
Não precisa. A damurida é como um concorde. Primeiro o avião depois o som. Quando você acha que não vai arder ela “bate”. Eu consegui até driblar a tal da “gordurinha ardosa”. Adiantou nada. Chorei com saudade de um copo de leite, receita infalível para a queimação.
O café-da-manhã foi completo. Para os não iniciados, frango frito. Para as crianças menores, o frango com caldo de damurida. Tem que se iniciar aos poucos. Para os adultos tapioca encharcada do caldo e a galinha da damurida. Sabor a cada mordida, esquentando, anestesiando, pinicando e por fim refrescando em uma onda de endorfina que só a pimenta consegue provocar. As sensações se fundem as do caxiri.
São 08:10h da manhã. O estômago não comemora – e treme de medo por saber dos inúmeros casos de gastrite por aqui – mas a alma está em festa. Obrigado Genésio. Obrigado Eliane. O dia já está ganho.
Este post faz parte das Impressões Integrais 78
Hoje cedo (sem o café da manhã)) li o seu comentário, deu para sentir até o ardume no estomago e olhe que eu gosto de pimenta(não tão ardida né). Meu pai era um apaixonado por pimenta ele iria adorar.