O barco começa a se mover. Pela janela vejo pouco a pouco os prédios de Belém ficarem para trás. Metade de meu horizonte é rio – que se faz passar por mar – metade é céu. Uma ou outra gaivota persegue o barco e posa para fotos dos viajantes. A travessia de Belém a Marajó é de três horas e meia. Tempo que se arrasta lentamente como o rio. Parte das águas daqui nasceu nos Andes, viajando com o sonho de conhecer o mar. A baía se alarga e logo as ondas se fazem notar. Pela janela o equilíbrio se foi. Só vejo rio. Depois, acompanhando o balé do barco que não deixa ninguém de pé, só vejo céu. Só vejo o rio. Só vejo o céu. Em meio ao balanço só consigo pensar se não teria sido melhor ter tomado um comprimido de Dramin. E ainda faltam duas horas…
Dentro da balsa, ar condicionado, televisão e vendedores… Tudo para disfarçar o balanço.
E ao longo do rio os barcos vão se sucedendo…
Alguns passam repletos de nossas florestas mortas… Vejam o tamanho do homem no alto de tanta madeira…
Este post faz parte das Impressões Integrais 90
Uma vez mais, através de teu relato criteriosíssimo e perfeito, eu me vejo ante cenários de que já antes desfrutei e que me vêm à mente lúcida e claramente como se de fato em minha frente estivessem…
Coisas da Baía do Guajará, seguida da Baía do Sol, que jamais abandonam a cabeça de quem as presenciou ou nelas navegou.
Aproveito aqui, para pe3dir confirmação do comentário que fiz sobre a morte trágica do Selarón, pois não saiu o pedido de confirmação da WordPress e isto me deixou p´reocupado.. Obrigado e muitos parabéns pelo te dedicado trabalho. Abraços do Deusarino