A ansiedade me faz andar, não muito certo sobre a direção da aldeia. Logo chega um indígena de bicicleta. “É o doutor?” ele me pergunta. Ele desce e começa a me acompanhar: “Estamos sem carro”. Pronto, explicado. Caminhamos por trinta minutos em silêncio após algumas explicações iniciais. É um povo habituado mais a silêncios do que a exclamações.
Minha visita é breve, venho para uma avaliação dos programas de saúde, e logo é hora de ir. Todos se aproximam da porta do posto de saúde e se despedem. Percebo que agora é por minha conta até a pista. Por trinta minutos minha pele recebe o sol que acho que não recebeu em todo último mês. O caminho e tem poucas referências em meio às muitas as trilhas que se cruzam. Torço para estar na direção certa enquanto penso na imensidão do lavrado e na força dos que moram aqui. Aos poucos meu pensamento seca sob o sol. Meus lábios grudam e penso se conseguiria morar aqui. Não sou do silêncio espaçado, mas das palavras que jorram umas ao lado das outras.
Penso que por vezes tenho que voltar aqui para aprender a silenciar, mas agradeço quando o avião pousa e retorno a cidade. É hora de falar…
Este post faz parte das Impressões Integrais 92
Quando estive em Roraima no ano passado eu conheci este famoso “lavrado” , assim chamado pelos roraimenses e que os Venezuelanos chamam de Gran Sabana. Anda-se 100 km numa grande planície sem um morro sequer… Aqui no Espírito Santo não temos isso. Parabéns Altamiro pelo relato! Continue escrevendo… Saudações de seu leitor de Vitória – ES.
Enquanto você escreve suas experiencias,nós leitores ficamos na imaginação.Isso é fantástico!!!Saudades do amigo!!
Sua amiga do Ceará. Angela Oliveira
SAPS!